Você está aqui: Página Inicial > Assuntos Estudantis > Nosso canto > publicações > DEVANEIOS: Do verbo partir

Geral

DEVANEIOS: Do verbo partir

Arte

publicado: 19/12/2018 13h37 última modificação: 19/12/2018 13h37

DEVANEIOS: Do verbo partir

Talise Schneider[1]

 

Às vezes é difícil transformar em palavras tudo o que sentimos. A impressão que tenho é que os sentimentos são indescritíveis. No entanto, paro para refletir sobre o real sentido das coisas e percebo que, por mais que eu tente, as letras nunca irão se unir em uma folha de papel exprimindo exatamente os imagineiros dos meus pensamentos. O interessante disso tudo é que já escrevi um bocado para explicar que não é tão simples assim colocar ideias no papel. Mas, já que me coloco a escrever, dentre tantos outros desvarios, vou falar de algo que todo mundo um dia sente. Trata-se de um assunto melancólico, como um pedaço silencioso de um domingo passado. Parafraseando Vinícius, que diz que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro, vou falar de saudade. Pois, se tem algo que me tira o sono, é pernilongo e saudade. Do alto dos meus vinte anos, vivo, entre tantas outras coisas do verbo partir, a arte dos encontros, que fazem da minha vida um mar de saudade. O encontro, é um sábado com alma de domingo, já o desencontro, certamente vem do verbo domingar, pois é discreto ao acontecer e vai embora sem avisar. Enquanto busco reinventamentos do meu eu, encontro uma possibilidade da menina que fui refletida entre tantas outras coisas que sou, e me descubro, variando entre elas, tateando o inexprimível, vou sentindo saudade. Já que as extremidades falam por nós, ou pelo menos por mim, sei que senti-la significa ter vivido algo que só não voltarei a viver se eu morrer pelo caminho. Entendendo as extremidades, apresento o outro lado deste sentimento que provoca lágrimas e sorrisos: o encontro. Mas já que o desencontro provocou a saudade, o reencontro será capaz de fazer os olhos brilharem e o sorriso sair tão facilmente, que é como se desenhasse no rosto a felicidade. O encontro sugere o novo, o reencontro inspira maquiagem fresca. Saudade me define e lembrar já não dói tanto, mesmo assim, ainda vivo, mesmo assim conjugarei enquanto viver o verbo partir.

 

 



[1] Mestranda do PPIFOR – campus de Paranavaí