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DESCREVENDO-TE
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DESCREVENDO-TE
Beatriz Wolf Farias[i]
O amor bagunça meu cabelo de um jeito doido e delicioso que só ele sabe.
O amor é claro como um papel.
Tem as veias roxas e as mãos mais lindas já vistas.
O amor chega num ônibus branco que para ao lado do meu.
O amor senta na última carteira onde eu consigo olhar, pois me sento de lado para que isso aconteça.
Ele gosta de futebol, e eu nem entendo nada daquilo.
O amor tem o contraste que eu preciso.
Tão contrário, tão racional.
O amor é meu, mas talvez não seja pra mim.
Afinal sou eu quem sinto.
Eu insisto.
Até quando vou conseguir?
Você me deixa perturbada.
Sua falta corrói todo o meu ser.
Precipita em mim uma chuva ácida de raiva e tristeza.
É comigo mesma, e isso me destrói.
Ontem, o pouco tempo que ficamos separados por centímetros, já foi o suficiente para que você me despertasse.
Eu penso em você e meu peito agita.
Como uma mosh quando toca sepultura.
Meu único anseio é estar contigo e ser tua.
Sei que não posso, você não permite.
Então, intrinsecamente eu te desejarei.
Todos os dias.
Até a correnteza acalmar.