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"As mulheres, cada vez mais, ampliam seu espaço em todos os campos". Conheça Salete Sirino, reitora da Unespar
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É recente que Salete Paulina Machado Sirino assumiu a Reitoria da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Contudo, sua trajetória em prol da educação vem de muito antes. Doutora em Letras, sua atuação em defesa da Educação Pública teve início em 2003, quando ingressou como docente na rede estadual de ensino. Já no Ensino Superior, Salete atua desde 2007, quando iniciou sua carreira como professora colaboradora na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Em 2010 teve início sua trajetória na Faculdade de Artes do Paraná (antiga FAP, atual campus Curitiba II), que a levou ser a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora da Unespar.
Para ela, ser a primeira mulher a ocupar a Reitoria da instituição é uma grande responsabilidade. "É a prova de que as mulheres, cada vez mais, ampliam seu espaço em todos os campos", considera. Segundo Salete, a confiança no seu trabalho começou no momento em que a comunidade a elegeu para a Direção do Centro de Artes do Campus de Curitiba II/FAP, por duas gestões e, em seguida, para Direção Geral do campus. "Cada momento trouxe seus desafios, que agora são ampliados na Reitoria de uma universidade multicampi", considera.
A reitora da Unespar explica que a sua trajetória até o cargo máximo da instituição foi construída com base em dois grandes exemplos, sua avó, Maria Isabel Mallmann, e sua mãe, Vitoria Machado. "Minha avó, em sua juventude, foi professora no Rio Grande do Sul e minha mãe que, embora não tenha tido condições de estudar, lutou incansavelmente para que eu pudesse estudar em excelentes escolas públicas", recorda. Salete é a primeira mulher de sua família a realizar dois Mestrados e um Doutorado. "Estas conquistas são muito representativas em minha vida, pois, sendo de família humilde e tendo que trabalhar desde minha infância, sei o que a educação representa", enfatiza.
Na Unespar, Salete atuou como docente do Colegiado de Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Mestrado Profissional em Artes. Em 2014 foi eleita para a Direção do Centro de Artes durante as gestões de 2014/2016 e 2016/2018. Também atuou como coordenadora do Grupo de Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Artes e respectiva submissão e aprovação, junto à CAPES, do Mestrado Profissional em Artes. Em 2019 foi eleita para a Direção do Campus Curitiba II e, em 2020, para a Reitoria da Unespar.
Sua formação acadêmica em Letras complementa sua atuação na área do audiovisual. "Fui a primeira mulher eleita como Presidente da Associação de Vídeo e Cinema do Paraná (AVEC), gestões 2010/2012 e 2012/2014, atuando em defesa de políticas públicas para a produção e difusão do audiovisual paranaense", conta. Na área do Cinema, atuou em roteiro, direção e produção de filmes em película e em digital, tendo participado de 13 filmes, finalizados e lançados, com destaque para os longas metragens: A Tímida Luz de Vela das Últimas Esperanças, direção de Jackson Antunes, no qual foi codiretora e coautora da adaptação de texto teatral para cinema; Curitiba Zero Grau, dirigido por Eloi Pires Ferreira, do qual é diretora de Produção; e Travessias, do qual é a roteirista e diretora.
Com toda essa experiência, também já realizou inúmeras orientações de projetos de iniciação científica e de trabalhos de conclusão de curso de Graduação e Pós-Graduação, com foco no Cinema Brasileiro, abrangendo pesquisas da criação à difusão do cinema nacional. "Todos têm relevância em minha trajetória como pesquisadora do Cinema e Literatura Brasileiros, são espaços em que a gente tem a oportunidade do constante ensinar e aprender", assegura.
Uma apaixonada por Literatura, sua inspiração se baseia na obra de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Já no Cinema, é uma espectadora eclética. "Aprecio diversos gêneros fílmicos de distintas nacionalidades", afirma. No contexto internacional, dentre seus filmes favoritos, estão: As sufragistas, de Sarah Gabron; E agora, aonde vamos?, de Nadine Labaki, e Histórias cruzadas, de Tate Taylor. Já no contexto brasileiro: Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos; São Bernardo, de Leon Hirszman; Leila Diniz, de Luiz Carlos Lacerda; Mutum, de Sandra Kogut, A hora da estrela, de Suzana Amaral, e os filmes A Tímida luz de vela das últimas esperanças, direção de Jackson Antunes e do qual é codiretora; e Travessias, do qual assina o roteiro e a direção.
Fora da vida acadêmica, Salete gosta de passar o tempo principalmente com a família. Casada com Talicio Sirino, seu companheiro há 34 anos, têm três filhos e um neto. "Com ele compartilho uma trajetória em prol da educação e da cultura brasileira e da crença em um mundo mais humano e justo, no qual o diálogo e o respeito mútuo prevaleçam", comenta. Música também faz parte do seu cotidiano. "Cantoras que aprecio são Mercedes Sosa, Nina Simone e Maria Bethania", lembra a reitora. "A voz musical, política e social de Nina Simone é uma lição de vida", considera Salete.
Além da Unespar, apenas a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) tem uma mulher à frente da Reitoria entre as Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) no Estado. Trata-se da professora Fátima Padoan, que também é presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp) e membra da diretoria da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem - gestão 2020/2022). "O fato de, no momento, apenas duas mulheres ocuparem cargos máximos em duas importantes universidades estaduais, demonstra o espaço que as mulheres estão conquistando na vida acadêmica, o que resulta do trabalho realizado por mulheres em ensino, pesquisa, extensão e em gestão", salienta Salete.
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