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Assabido Rhoden, educador em tempo integral
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Nesta semana, o campus de Campo Mourão da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) teve uma grande perda. Na terça-feira, 14, morreu o professor Assabido Rhoden, aos 93 anos. "O professor Assabido foi um mestre inesquecível que produziu novos interesses, novos conhecimentos e perspectivas de visão de mundo e sociedade em seus estudantes", comenta Dirce Bortotti Salvadori, pedagoga e professora aposentada da Fecilcam/Unespar, que foi aluna do professor Assabido e, posteriormente, sua colega de trabalho. Ainda de acordo com ela, o legado que Rhoden deixa é inestimável.
Nascido em 11 de dezembro de 1926, em Selbach, no Rio Grande do Sul, estudou no Seminário dos Missionários da Sagrada Família, no oeste de Santa Catarina. Formou-se em Filosofia e Teologia e especializou-se, anos depois, em Filosofia e História. Foi ordenado padre e exerceu o ministério por alguns anos, até pedir dispensa ao Papa Paulo VI. "Mas nunca deixou o espírito sacerdotal em todos os seus trabalhos", definia ele mesmo.
Em 1971 mudou-se para o Paraná e morou em Goioerê e Campo Mourão. Casou-se com Clautilde Khalaf e com ela teve quatro filhos, Carlos Alberto, Ana Cláudia, Fernanda e Ricardo. Começou a lecionar na antiga Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam - atual campus Campo Mourão da Unespar) antes mesmo da sua estadualização. Foi vice-diretor e coordenador do curso de Ciências Sociais por muito tempo, com a estadualização da faculdade. Também coordenou três cursos de Pós-graduação em Filosofia.
"Trabalho, educação e vida tinham o mesmo significado para o professor Assabido", assegura Dirce. Ao completar 70 anos, Rhoden recebeu a aposentadoria compulsória, em 1996. "Ele ficou entristecido, pois não queria se aposentar. Pretendia trabalhar enquanto se sentisse em condições", lembra. Porém, com a sua aposentadoria, Dirce assumiu suas aulas de Filosofia da Educação no Curso de Pedagogia e introduziu a Paideia, de Werner Jaeger, na bibliografia do curso. "Como a obra possui muitos textos em grego ele me auxiliava nas traduções para o preparo das aulas e ficava muito feliz que assim fosse", assegura.
Homem simples, religioso, emotivo, de grande perspicácia e muito apegado à família. Consenso entre os que conviviam com ele, era impossível separar a pessoa do professor. Assabido era um exemplo de educador em tempo integral. Além disso, o respeito e carinho com que tratava a todos também é memorável. O reitor da Unespar, Antonio Carlos Aleixo, o conheceu por volta dos anos de 1980, quando cursava Letras. "Conheci Assabido primeiro pelas pessoas que estudavam Pedagogia, depois fomos colegas de trabalho. Ele era muito respeitado e querido. Nos melhores momentos, possuía um humor discreto e inteligente. Um símbolo. Ganhamos muito com ele", completa.
Outra professora que também teve aulas com ele e depois foi sua colega de trabalho, Dalva Helena de Medeiros lembra que era um professor muito dedicado e preparava suas apostilas manuscritas ou datilografadas. "Era sempre calmo e equilibrado, nunca presenciei alguma aula em que tenha perdido a paciência com os estudantes", comenta. Trabalhava com a lógica formal e exigia que os estudantes organizassem o pensamento com clareza também.
Para reunir amigos em torno de debates filosóficos, criou o Café Filosófico que, com o tempo, transformou-se na Academia Mourãoense de Filosofia (AMF), a primeira fundada no Paraná. Também era membro da Associação Mourãoense de Letras (AML) e da Associação Mourãoense de Escritores (AME). Aposentado, passou a ministrar aulas de Filosofia e Latim aos seminaristas da Diocese de Campo Mourão e escrever para o jornal Servindo. Também era tradutor dos documentos latinos do Vaticano.
Escreveu as obras: Mito e logos no pensamento dos índios brasileiros; Uma só coisa é necessária; Quem puder compreender! Encontrará!; As exigências do Ministério de Cristo; Psicologia Social; A fração do pão; A misericórdia divina; O batismo; O sentido da morte dos seres vivos corpóreos e suas consequências; Matrimônio Família e Relatos da Vida de um Mestre (que publicou ao completar 91 anos). Em conjunto com outros professores publicou também Caminhos do Investigar. Participou com obras em diversas coletâneas da AME, AML e AMF. Foi também editor da Revista Arché Sophias, da qual publicou cinco volumes.
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