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Filme produzido por docentes, estudantes e egressos da Unespar ‘coloca em cena’ a plataformização das escolas
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Docentes, estudantes e egressos do curso de Cinema e Audiovisual e do mestrado em Cinema e Artes do Vídeo (PPGCineav), do campus de Curitiba II/FAP, produziram o documentário "Professoras", que traz um panorama sobre as transformações que o sistema educacional básico vem sofrendo no Paraná desde a pandemia, com foco nos impactos ao trabalho docente.
A história parte do relato de quatro professoras e, a partir disso, se constrói uma avaliação sobre a plataformização educacional, que, por sua vez, utiliza novas tecnologias digitais nas aulas, padronizando avaliações e formas de ensino.
A pré-estreia do documentário aconteceu na última terça-feira (9), na Cinemateca de Curitiba, e proporcionou um momento de troca entre o público, as personagens e a equipe de produção. A professora Maria Carolina Lobo Oliveira, personagem da história, destacou que a visibilidade dada pelo documentário produzido na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), deu visibilidade à escola e seus servidores, mas, acima de tudo, “deu voz às nossas angústias, às nossas as questões e dificuldades que passamos no dia a dia”.
Em conversa com a reportagem, a roteirista, diretora e professora da Unespar, Juslaine Abreu-Nogueira, relatou que a ideia do documentário surgiu em 2018, quando desenvolviam ações extensionistas dentro das escolas e estabeleceram o primeiro contato com as professoras. Em seguida, com o início da pandemia, em 2020, “estas professoras nos chamaram para tentarmos desenvolver alguma ação pela arte do cinema que pudesse auxiliá-las na aproximação com seus alunos diante da situação de isolamento social e da constatação de que as aulas remotas não estavam atingindo os objetivos de aprendizagem e vínculo humano. Montamos um pequeno projeto que chamamos de Convide Imaginação”, explicou.
A partir de então, segundo Juslaine, a equipe de produção estabeleceu um contato com as professoras e foi possível vivenciar a rotina da escola básica em seu novo formato. O roteirista, diretor e docente da Unespar, Eduardo Baggio, comentou que pensaram muito nos “grandes desafios que as professoras do ensino básico tem, muito diferente das nossas. Nós temos nossos desafios, nossas dificuldades, mas a questão para elas é muito mais premente no sentido do envolvimento com estudantes, familiares, condições precárias de subsistência de algumas famílias, com condições muito difíceis mesmo”.
“Vivenciamos acontecimentos que atravessavam intensamente o trabalho da docência na educação básica, como a dedicação extrema na criação de lives com temas que dessem sentido a estudantes e à comunidade escolar, ações de distribuição de tarefas impressas, estratégias de busca ativa para resgatar alunos que não estavam acessando as aulas online”, pondera Juslaine. Além de todas as dificuldades em sala de aula, as professoras também ouviam relatos cotidianos sobre dificuldades de subsistência e de saúde de estudantes e suas famílias, além do enfrentamento do luto quem todos estavam passando.
Os roteiristas perceberam o quão difícil estava sendo o trabalho na educação básica, mas relembram ter sido mais árduo na continuidade pós-pandemia “com uma série de procedimentos de ensino à distância, de plataformização, de uso de recursos eletrônicos que, dependendo como forem usados, podem até ser interessantes, mas que estavam e ainda estão sendo colocados, de uma maneira que entende a educação como algo padronizado e uniforme”, destaca Baggio.
Juslaine recorda a exaustão que presenciaram nas professoras durante todo esse período e enfatiza que diante disso, enxergou a necessidade de retratar o tema por meio da sétima arte. “A Unespar é a universidade pública que mais forma professores para a educação básica nas mais diversas áreas no Paraná. Nos perguntamos sobre a necessidade do cinema em fazer a memória da pandemia a partir das vozes de professoras do ensino fundamental e médio. Também nos perguntamos sobre a responsabilidade da universidade pública e do cinema paranaense em retratar realidade educacionais, sobretudo pela sensibilização da força intelectual e criativa de docentes da escola básica”.
Baggio concorda com Juslaine ao apontar que “escolher esse tema, é escolher pensar com profundidade, com agudeza, com atenção sobre a educação, notadamente sobre a educação básica na escola pública brasileira”, concorda Baggio. O professor ainda ressalva que o filme não nega a tecnologia e sua relevância no cotidiano, inclusive não há como negar essas perspectivas. Entretanto, Baggio salienta ser importante abrir esse debate sobre o uso da tecnologia nas escolas e que todo esse processo deve ser pensado com clareza, cuidado e levando em consideração a vida nas escolas públicas.
Realizado em projetos de extensão e pesquisa
O filme é fruto de pesquisas em artes no contexto de ações formativas. “É uma atividade para além das aulas. Nós sempre buscamos formar nossos estudantes para pensarem sobre o mundo, para pensarem como o cinema interage com o mundo, para pensarem criticamente, para se colocarem em diálogo com a sociedade”, reforça Baggio, ao dizer que a pesquisa aprimora a aprendizagem.
Juslaine destaca que a Unespar tem possibilitado iniciativas como a produção do documentário “Professoras”, por manter ações de extensão, projetos e grupos de pesquisa que proporcionam ações complementares à formação acadêmica. “Todas estas instâncias de nossa Universidade, que nos instigam a uma responsabilidade formativa e também nos fornecem acessos a equipamentos e estúdios de cinema, vitalizam nossas atuações e nos ajudando a chegar em realizações como este filme”, aponta.
O documentário contou com o trabalho do Laboratório de Investigações em Cinema e Audiovisual (Lica), do Cinecriare e, do Grupo de Pesquisa em Arte, Cultura e Subjetividade (GPACS) da Unespar, e Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação (Gilda), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Onde assistir?
O filme “Professoras” não está disponível em plataformas digitais, mas é possível fazer agendamentos para exibir a obra em diferentes locais. Para isso, basta entrar em contato com o Lica, responsável pela produção, por meio do e-mail lica.fap@unespar.edu.br, e informar: responsável pelo contato; telefone com DDD e e-mail; instituição, órgão ou movimento social envolvido; data provável do pedido; local da exibição descrevendo espaço em que será transmitido o filme, cidade e estado; e perfil do público.
Ficha técnica
PROFESSORAS
Adélia Onay Ribeiro de Mello
Ana Paula Galli Andreotti
Maria Carolina Lobo Oliveira
Cristiane Bogo
ENCENAÇÕES E INTERAÇÕES COM
Adélia Onay Ribeiro de Mello
Ana Paula Galli Andreotti
Maria Carolina Lobo Oliveira
Charles Martins
Maria Luiza Oliveira Martins
Cristiane Bogo
Renan Brandão (Handal)
ROTEIRO E DIREÇÃO
Juslaine Abreu-Nogueira
Eduardo Baggio
PRODUÇÃO
LICA - Laboratório de Investigações em Cinema e Audiovisual da Unespar
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO
Mia Marzy
MONTAGEM
Noah Mancini
Eduardo Baggio
Juslaine Abreu-Nogueira
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Bruna Schmidt
Daniela Klem
FOTOGRAFIA ADICIONAL
Ana Torres
Eduardo Baggio
COLORIZAÇÃO
Ana Torres
CAPTAÇÃO DE SOM
Lais Feller
Meize Rodrigues
EDIÇÃO E MIXAGEM DE SOM
Pedro Osinski Carneiro
DESIGN GRÁFICO
Mical Kairós
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Lia Bianchini
MÚSICAS
Falsa (Composição: Mathias Lobo e Batuta – Intérprete: Mathias Lobo)
Contracultura (Composição e intérpretes: Handal e Dudi)