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Pesquisa de docente da Unespar encontra microplásticos em áreas de preservação de Campo Mourão
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Um estudo do professor Mauro Parolin, do colegiado de Geografia do campus de Campo Mourão da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), identificou a presença de microplásticos em áreas de preservação ambiental da cidade do centro-oeste, com maior ênfase no Parque Estadual Lago Azul.
A pesquisa, publicada na revista GeoIngá, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e em co-autoria com Taila Lorena de Souza, doutoranda do curso de Geografia da instituição, encontrou fragmentos de plástico na água armazenada em amostras coletadas da planta da espécie Aechmea distichantha, um tipo de bromélia.
O trabalho serviu de projeto-piloto do Laboratório de Estudos sobre Microplásticos no Paraná (Lapemi/PR), coordenado por Parolin no campus do centro-oeste, e que entrou em fase de execução este ano. O Lapemi é uma iniciativa conjunta de Unespar e Instituto Água e Terra (IAT) orçada em pouco mais de R$ 1 milhão, com o objetivo de pesquisar os efeitos da presença do material nas áreas de preservação de Campo Mourão.
A análise das amostras revelou que os microplásticos mais comuns observados na planta são fibras oriundas de fontes atmosféricas, como vento e água, e formados, entre outras possibilidades, da abrasão de tecidos sintéticos e o desgaste de pneus, abundantes em áreas próximas a rodovias.
A pesquisa também descobriu que as cores dos microplásticos produzem prejuízos distintos ao meio ambiente. Fragmentos do material de coloração mais escura, como o preto, absorvem mais calor e alteram a temperatura do solo e da água, prejudicando o ecossistema. Já os brancos podem refletir a luz, interferindo nos processos de fotossíntese das plantas e modificando o microclima da região.
Os microplásticos, partículas com diâmetro entre 0,1 e 5 milímetros distribuídas por oceanos, rios, lagos, reservatórios, estuários, regiões polares, estações de tratamento de esgoto e água potável, afetam, no caso da amostra de Campo Mourão, a fisiologia das plantas ao aderirem a raízes e interferirem na absorção de nutrientes e água, agravando ainda mais o impacto sobre ecossistemas frágeis como os encontrados na região.
O investimento em ações de combate à proliferação do material na natureza, como o Lapemi, pode atenuar o efeito da contaminação de microplásticos não só por animais marinhos e terrestres, que enfrentam riscos de envenenamento, distúrbios comportamentais, fome e asfixia, mas também pelo ser humano, que absorve o material por meio do consumo de água potável, ingestão de peixes e frutos do mar e até mesmo sal comum, sem contar a possibilidade de penetração pela pele ou inalação pelo ar.
Como consequência, estudos apontam ainda riscos de alterações hormonais, distúrbios de desenvolvimento ou metabólicos, neurotoxicidade, aumento do risco de câncer e anormalidades reprodutivas, elementos que justificam e reforçam a necessidade de pesquisas voltadas aos efeitos e ao combate da proliferação de microplásticos.