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Pesquisadores de 14 instituições se unem para criar enciclopédia sobre a COVID-19
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Representantes de 14 instituições de ensino do Brasil e exterior se uniram para criar a Enciclopédia Discursiva da COVID-19, uma iniciativa da equipe de Curadoria Linguística do InformaSUS-UFSCar. Dentre os participantes, está a professora do campus de Campo Mourão da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Paula Camila Mesti.
Tratamento precoce, fake news, vacina, isolamento social, quarentena, pandemia e etc. Todos estes termos invadiram o vocabulário dos brasileiros no início de 2020 por conta da pandemia da COVID - 19. Considerando tal contexto os pesquisadores trabalharam em um material que servisse como uma fonte com credibilidade para consultas pela população em geral.
O grupo foi formado por representantes da UFSCar, IFSULDEMINAS, UEPG, Rede Estadual de Educação MT, FAPESP, IFPB IFSP, UNICEP, USP, CAPES, Unespar, UNEB, UFMT e IFMT.
Representando o IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, temos o professor Carlos Alexandre Molina Noccioli.
Segundo o professor, essa iniciativa tem grande importância neste momento pois "num contexto tão delicado e infeliz como esse, importa que nós, enquanto linguistas, cientistas da linguagem, dêmos nossa contribuição à sociedade. A ideia de se criar uma enciclopédia de termos relacionados à Covid-19, numa pegada de divulgação científica mesmo, auxilia o público geral a entender a circulação das expressões, extrapolando a compreensão delas como simples palavras de um vocabulário relativamente novo. Ou seja, buscamos pensar e divulgar as expressões como materialização no discurso, de aspectos socais, econômicos e políticos. E isso vale muito ao público geral, em função de se poder perceber toda a guerra ideológica que está envolvida no fluxo dessas expressões. O conhecimento é um abrigo em tempos tão estranhos".
A ideia da enciclopédia
Os organizadores do projeto são os professores da UFSCAR Fernanda Castelano Rodrigues e Roberto Leiser Baronas. E a equipe conta ainda com 21 estudantes de graduação em iniciação científica, de mestrado, de doutorado e até doutores já formadores e atuantes na área, que compoem o Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais – LEEDiM.
São eles: Carlos Alexandre Molina Noccioli (IFSULDEMINAS), Emely Larissa dos Santos (UEPG), Fernando Curti Gibin (UFSCar), Gleice Moraes Alcântara (Rede Estadual de Educação MT), Jorcemara Matos Cardoso (UFSCar), Júlia Lourenço Costa (UFSCar/FAPESP), Júlio Antonio Bonatti Santos (UFSCar), Lafayette Batista Melo (IFPB), Lauro Damasceno (UFSCar), Lilian Pereira de Carvalho (IFSP/UFSCar), Lívia Maria Falconi Pires (UNICEP/UFSCar), Marco Antônio Almeida Ruiz (USP), Mariana Guidetti Rosa (LEEDIM/UFSCar), Mariana Morales da Silva (UFSCar/CAPES), Paula Camila Mesti (Unespar), Paula Regina Dal’Evedove (UFSCar), Renata de Oliveira Carreon (UEPG), Robert Moura Sena Gomes (UFSCar), Sidnay Fernandes dos Santos Silva (UNEB), Tamires Bonani Conti (UFSCar/Fapesp) e Terezinha Ferreira de Almeida (UFMT/IFMT).
De acordo com Fernanda Castelano, a ideia da enciclopedia surgiu em março de 2020, assim que foi declarado estado de pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Na ocasião um grupo de médicos teve a ideia de iniciar o projeto InformaSUS-UFSCar que visa contribuir com a divulgação científica em torno de questões da COVID 19.
"Tendo uma formação em análise materialista do discurso eu tive a ideia de tentar fazer uma análise discursiva dos principais termos que estavam sendo utilizados de maneira polêmica desde o início da pandemia", destacou Fernanda. Objetivou-se com esse trabalho divulgar informações qualificadas sobre a COVID para o público em geral e, consequentemente, tratar textos e oferecer uma curadoria linguística para público técnico.
Foram publicados em 2020,14 diferentes verbetes. Neste ano, através de uma demanda específica do InformaSUS, foi acrescentado o verbete "tratamento precoce". A plataforma ja teve um total de 310 mil visualizações desde seu início até julho desse ano.
O combate à desinformação
Diante de tantas notícias falsas, o projeto surge como uma fonte de informações com credibilidade ao qual a população pode recorrer para confirmar seus pontos de vista.
O professor Carlos Alexandre Molina Noccioli ressaltou que a equipe trabalhou na construção de verbetes sobre expressões que estão em circulação na mídia, nos portais de notícias e nas revistas de popularização da ciência. "Utilizamo-nos de uma bagagem teórica da Análise do Discurso para essa significação, mas isso não aparece explicitamente nos verbetes publicados, já que a intenção é justamente ter um caráter de popularização.
Durante o ano passado, fizemos lives em que discutíamos não só as expressões em si, mas o processo de construção dos verbetes. Uma oportunidade interessante de diálogo, com momento aberto ao público para perguntas".
O projeto traz uma análise detalhada de cada um dos termos relacionados à COVID, a fim de explicar seu real significado, mostrando as matrizes de sentido que constituem cada um dos termos independente de opiniões e contextos socioculturais.
Segundo a professora Fernanda Rodrigues o projeto vai além de análises sobre as fake news, mostrando também os embates de sentidos que se dão na constituição e na circulação desses termos. Ela cita que quando tratamos de termos que "começaram a ser colocados em funcionamento depois do início da pandemia, sabemos que eles vêm carregados de posições ideológicas e são utilizados, pelos diferentes sujeitos, com marcas ideológicas da posição assumida. Então o que a gente tenta fazer nesse combate à desinformação é, principalmente, mostrar as matrizes de sentido que constituem cada um desses termos".
O projeto terá continuidade após a pandemia
Segundo os organizadores, novos verbetes já estão em análise para continuidade do projeto. Na segunda etapa os pesquisadores foram divididos em dois grupos. Um liderado pelo professor Roberto Leiser Baronas, com uma perspectiva a partir da linguística popular, e outro liderado pela professora Fernanda, que está trabalhando em colaboração com dois laboratórios do Instituto de Estudo de Linguagem da UNICAMP: o MulherDis - Mulheres em Discurso que estuda questões específicas de gênero e o Psipolis - Psicanálise, Política, Significante que trabalha questões específicas sobre sexualidade vinculado à psicanálise.
Nessa colaboração serão trabalhadas questões de gênero e sexualidade em contextos sobre produtividade, trabalho, violência e luto.
O professor do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, Carlos Alexandre Molina Noccioli, segue no projeto no grupo de trabalho do professor Roberto Leiser Baronas. Segundo Carlos Alexandre, "agora com uma parte fragmentada do grupo, sob a liderança do Baronas, estamos discutindo um pouco mais a linguística popular. Essa linha de pesquisa pretende pensar os saberes populares produzidos sobre a língua, considerando os enunciados populares como uma percepção importante que pode integrar dados científicos da linguística. Imagina que fantástico a gente verificar o entendimento de um trabalhador de uma outra área qualquer sobre um termo relacionado à Covid e não ficar preso tão-somente à visão de um linguista, de um especialista!"
A perpectiva dessa nova fase é que os trabalhos sejam divulgados a partir de novembro. E poderão ser acessados também na plataforma do InformaSUS.
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