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Professoras do curso de Enfermagem relatam as dificuldades da pandemia no meio hospitalar
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Diante das dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 e a superlotação dos hospitais, quatro professoras do curso de Enfermagem do campus de Paranavaí da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) estão na linha de frente no combate ao coronavírus. No curso, com 33 profissionais da Enfermagem lecionando, 31 são mulheres.
Nesse mês, duas das professoras que trabalham no enfrentamento da pandemia nos hospitais de Paranavaí contaram um pouco sobre a experiência. Confira a seguir.
"Sempre quis cuidar de pessoas e a enfermagem me proporcionou isso” - Aline Barbieri
Enfermeira há 11 anos, a professora Aline Barbieri atua como docente na Unespar desde 2015. Especialista em Enfermagem do Trabalho, em Terapia Intensiva e em Cardiologia, atualmente faz parte da equipe da Santa Casa de Paranavaí, que luta na linha de frente contra a Covid-19.
Em meio a um momento tão difícil para todos, Aline destaca nunca ter enfrentado situação semelhante à da pandemia ou imaginado passar por isso. Ainda declara que o ambiente hospitalar se tornou muito mais cansativo do que costuma ser.
“Tivemos que aprender a conviver com o sofrimento do outro, pois antes era apenas uma doença que conseguíamos cuidar, tratar e dar o melhor que tínhamos de estudo. Agora cuidamos e tratamos o desconhecido, com pouquíssimo conhecimento científico e muitas incertezas”, enfatiza Aline.
Aline comenta algumas situações complicadas vivenciadas pela equipe de saúde e dá ênfase ao momento em que um familiar precisa reconhecer o corpo de um ente querido, sem poder se despedir adequadamente ou sequer realizar um velório e sepultamento adequados. “Outro momento muito difícil é quando o paciente dá entrada na ala do hospital destinada para o tratamento da Covid-19, pois aquela pode ser a última vez que terá contato com seus familiares”, observa a professora.
Apesar de vivenciar inúmeros desafios impostos pelo Coronavírus, Aline destaca que o pior momento para a equipe de saúde é quando o paciente fala com a família antes de ser intubado. “É muito difícil fazer a videochamada de despedida antes do paciente ser intubado, pois a partir deste momento não sabemos o que vai acontecer, mas o paciente precisa se despedir da família”, lamenta.
Atualmente ela não trabalha diretamente na Ala Covid, pois está na assistência de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Mesmo assim, enfrenta a necessidade de restringir a visita dos pais para ver seus bebês, situação nenhum pouco confortável para a profissional.
A professora Aline Barbieri sente prazer em estar com sua família, mas por conta da pandemia e do isolamento social, não os vê com frequência e acaba por passar o seu tempo livre ao lado de seu marido. Ao final da entrevista, ela cita uma frase da fundadora da enfermagem moderna, Florence Nightingale, na qual se inspira: "A enfermagem é uma arte e para realizá-la requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor, pois o que é tratar do corpo vivo o templo do espírito de Deus? E uma das artes, pode se dizer, a mais bela das artes".
“Vacinas salvam vidas!” - Ana Carolina Simões Pereira
A professora Ana Carolina Simões Pereira é enfermeira desde 2014. Como docente da Unespar, atua há quase três anos. Especialista em Gerência de Serviços de Enfermagem, é doutoranda e mestre na área de Gestão do Cuidado em Saúde, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Ana Carolina acredita que trabalhar com a saúde é uma busca constante e permanente por atualização e aprimoramento, e por isso considera estar em um processo de educação continuada. “Sou docente em um período e no outro continuo como discente”, comenta.
A professora é a responsável pelo Estágio Supervisionado Integrado na área hospitalar, das alunas do 4º ano do curso de Enfermagem, e, ao todo, já acompanhou, em parceria com outra docente da área, 26 estudantes que trabalharam desde do início da pandemia nos serviços de saúde, tanto em Hospitais, como Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
“Acredito que na área de Enfermagem, a manutenção dos estágios como atividade presencial, sempre com o respaldo da adoção de todas as medidas de segurança e paramentação dos nossos alunos, é essencial para a qualidade e segurança do ensino. Ao mesmo tempo em que fortalecemos a parceria entre ensino e serviço, mostramos o retorno da universidade pública para a sociedade que, mesmo diante de todos os desafios, forma profissionais aptos para atuar em condições esperadas e inesperadas, como esta que estamos vivendo”, pondera Ana Carolina.
Ao ser questionada sobre as mudanças que a pandemia acarretou ao ensino, a professora cita que foi necessário acrescentar alguns cuidados adicionais para prevenir a contaminação, como questões relacionadas à paramentação, que também faz com que os alunos problematizem toda essa situação que vivenciaram na prática dos estágios.
“Estamos pensando em alunos do último ano do curso, que em poucos meses estarão na linha de frente dessa pandemia, então vivenciar esse processo na formação acadêmica certamente trará maior segurança para a atuação profissional, mesmo que durante os estágios não tenham contato direto na assistência clínica ao paciente diagnosticado com a Covid-19”, reflete Ana Carolina.
A professora mora longe de sua família e amigos e, por conta da pandemia, só pode vê-los de forma remota, mas sempre que consegue, procura conversar e se manter próxima a eles. Como forma de cuidar da saúde mental, Ana Carolina cita momentos de lazer e coloca que os exercícios físicos tornaram-se um novo hobbie.
É necessário manter o cuidado
As professoras Aline e Ana Carolina reforçam o aviso para que a população se proteja e mantenha os cuidados de prevenção contra a Covid-19, pois as pessoas que atuam na área da saúde estão lidando com o desconhecido, com pouco conhecimento científico de como devem tratar alguns pacientes.
“Acredito que, como enfermeira, docente, pesquisadora e cidadã, é preciso reforçar a importância de adoção das medidas de prevenção no combate a esta pandemia, como distanciamento social, higienização das mãos, etiqueta respiratória, uso de máscaras e vacinação, que são as únicas maneiras efetivas de combate à Covid-19 e todas as suas repercussões na nossa sociedade. Vacinas salvam vidas!”, reforça Ana Carolina.
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