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Projeto da Unespar em Campo Mourão transforma mandioca em vetor de inovação e desenvolvimento socioeconômico
Geral, Extensão, Pesquisa
O projeto “Mandioca e derivados no desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis como fomento social e econômico”, coordenado pelo professor Fernando Henrique Lermen, do colegiado de Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), está mudando a vida de agricultores familiares de Campo Mourão e região.
Implementado a partir da extensão, o projeto de pesquisa, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com recursos de R$ 64 mil, tem por objetivo capacitar produtores de mandioca locais, auxiliando no aumento da renda dos trabalhadores.
A ação contou com a montagem de uma cozinha industrial adaptada à produção de derivados do tubérculo, como mandioca descascada e congelada, além de bolinhos prontos para fritar. O espaço, no qual foram realizados treinamentos técnicos, testes de novos produtos e práticas sustentáveis, também inclui equipamentos indispensáveis ao preparo da mandioca, como descascadora, misturadora, extrusora e seladora a vácuo.
A estrutura possibilitou à Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Familiares de Campo Mourão e Região (Coafcam) – principal parceira do projeto – ampliar sua capacidade de processamento e desenvolver uma mistura pronta do tubérculo, testada e aprimorada em laboratório com apoio técnico da Unespar, objetivando a oferta de um produto com valor agregado e potencial de mercado.
Além da Coafcam, o projeto tem a parceria de docentes da Unespar dos cursos de Engenharia de Produção Agroindustrial, do campus da cidade do centro-norte, e de Engenharia de Produção, da unidade da instituição em Paranaguá. O projeto também tem o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Kentucky University, dos Estados Unidos, reunindo colaborativamente extensionistas, pesquisadores e membros da comunidade de Campo Mourão e região.
De acordo com Lermen, os resultados alcançados foram expressivos. "Conseguimos entregar uma cozinha industrial totalmente funcional, adaptada à realidade dos produtores familiares. Mais do que isso, implementamos uma lógica de inovação baseada na cultura local e na valorização da mandioca como ativo agroindustrial. O projeto representa um importante passo para a integração da Unespar com a comunidade, possibilitando a geração de renda para comunidades historicamente marginalizadas”, festejou o coordenador da iniciativa.
As ações do projeto também estimularam a adoção de práticas sustentáveis, como a reutilização de resíduos para compostagem e alimentação animal, fortalecendo a lógica da economia circular.
A professora de Engenharia de Produção Agroindustrial Rubya Vieira de Mello Campos, bolsista do projeto, destacou a importância das formações realizadas com os cooperados: "Capacitamos agricultores com oficinas técnicas sobre boas práticas de produção, sustentabilidade e inovação. Muitos produtores passaram a enxergar a mandioca com um novo olhar — não apenas como matéria-prima básica, mas como base para produtos com valor agregado e potencial comercial”.
Para Gustavo de Souza Matias, docente do curso de Engenharia de Produção, a principal contribuição reside na aproximação entre ciência e comunidade: "Este projeto é um exemplo de como a universidade pode atuar como agente de transformação social. Estamos falando de ciência aplicada, com impacto real, em uma das cadeias produtivas mais emblemáticas do Brasil”, disse.
A equipe contou ainda com a colaboração direta dos professores Nabi Assad Filho, Claudilaine Caldas, Andrea Machado Groff e Tânia Maria Coelho no desenvolvimento de protótipos, organização de oficinas e articulação com a cooperativa. O envolvimento de diferentes áreas do conhecimento foi fundamental para garantir a multidisciplinaridade da proposta.
Os próximos passos da iniciativa envolvem a replicação do modelo em outras regiões do Estado e do País. "A mandioca tem um potencial extraordinário, não apenas econômico, mas simbólico. É alimento, cultura e inovação. Nosso compromisso é seguir fortalecendo essas conexões entre saber popular, ciência e desenvolvimento regional”, explicou Lermen.
O projeto atesta o compromisso da Unespar com o desenvolvimento sustentável e é um exemplo de como a universidade pública pode contribuir para reduzir desigualdades e criar caminhos inovadores para o futuro ao mesmo tempo em que demonstra o poder transformador da ciência aplicada com responsabilidade social, econômica e ambiental.