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Projeto de Extensão "Caixeta Fandangueira" incentiva a preservação cultural e ambiental no litoral paranaense através de oficinas educativas

Geral, Extensão

por Leticia Bertoli publicado: 09/01/2025 20h07 última modificação: 09/01/2025 20h07

Você sabia que a preservação cultural e ambiental do litoral paranaense pode ser ensinada de maneira lúdica e educativa? O projeto de extensão "Caixeta Fandangueira", coordenado pela professora Mônica Herek do campus de Paranaguá da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em colaboração com a estudante Fátima Pires Machado, é um exemplo disso. O projeto se desenvolveu a partir da pesquisa da estudante sobre a importância econômica e cultural da caixeta para a comunidade caiçara da Ilha do Valadares. Fátima, que é nora de Mestre Zeca e membro da comunidade, iniciou a pesquisa com o professor Adilson Anacleto e a concluiu com Mônica como atividade de Trabalho de Conclusão de Curso em Administração, resultando na publicação de um artigo científico.

A caixeta é uma árvore nativa litorânea, presente em áreas de manguezal do Espírito Santo até Santa Catarina, abrangendo quase todo o território caiçara. É utilizada na fabricação de canoas e instrumentos musicais do Fandango Caiçara. Contudo, com as restrições impostas pelo Código Florestal, o corte da caixeta foi severamente limitado, afetando o modo de vida caiçara, a geração de renda e a transmissão de saberes e tradições. A partir dos achados da pesquisa de Fátima, foi criada uma história infantil que aborda os usos tradicionais da caixeta, a exploração excessiva pela indústria que quase levou a planta à extinção e a importância da preservação ambiental por meio do manejo sustentável praticado pelos mestres de fandango caiçara.

Essa história foi contada em oficinas realizadas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEIs) da Ilha dos Valadares, utilizando bonecos feitos de papelão reciclado que emergiram de uma pequena caixa (caixeta), tornando a narrativa ainda mais envolvente para as crianças. "A contação de histórias foi uma experiência incrível, ver as crianças interagindo com os bonecos e se conectando com a história da caixeta de uma maneira tão visual e tátil foi realmente gratificante", compartilhou a professora Mônica Herek.

Pouco antes da conclusão do projeto, Fátima foi incorporada ao Programa Bolsas de Incentivo à Produção Artístico-Cultural (BIPAC), e juntamente com a professora Katiucia Perigo, transformaram a contação de histórias em um livro infantil ilustrado. "Transformar a história em um livro foi um passo natural para garantir que a mensagem de preservação e os valores culturais caiçaras alcancem ainda mais pessoas", explica a professora Mônica.

O "Caixeta Fandangueira" oferece oficinas de contação de histórias para crianças moradoras de comunidades caiçaras, promovendo discussões sobre economia familiar e preservação ambiental a partir da cultura caiçara. De acordo com a professora e coordenadora do projeto, ele é inovador ao construir materiais de educação financeira que dialogam com a cultura local, além de relatar a importância da caixeta para essa população e discutir meios de uso sustentável coerente com suas tradições.

A professora Mônica ainda explica que este projeto é importante não apenas para a formação acadêmica e pessoal de Fátima, que se torna capaz de produzir ciência, educação e cultura a partir de sua própria realidade, mas também como um meio de preservação cultural e ambiental do litoral paranaense. Ele promove a integração entre ensino, pesquisa e extensão, fortalecendo os vínculos entre a universidade e a comunidade local. "É fundamental que a universidade se envolva com a comunidade, promovendo o ensino e a pesquisa de maneira que realmente faça diferença na vida das pessoas", ressalta a professora.

Além disso, o "Caixeta Fandangueira" contribui significativamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente no fortalecimento dos esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo (ODS 11.4) e na promoção da inclusão social, econômica e política de todos (ODS 10.2).

Através da preservação da cultura caiçara e da promoção da educação ambiental e econômica, o projeto "Caixeta Fandangueira" representa um exemplo de como a extensão universitária pode gerar impacto positivo e duradouro na sociedade. "Nosso objetivo é que essas crianças cresçam conscientes da importância da preservação ambiental e cultural, e que sejam capazes de transmitir esses valores para as futuras gerações", conclui Mônica.

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