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Projeto de Letras da Unespar melhora qualidade de vida dos estrangeiros

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por Denise Ligmanovski publicado: 18/11/2022 10h35 última modificação: 18/11/2022 10h35

 O projeto Português para Estrangeiros no Norte Paranaense (PENP), oferecido pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus de Apucarana, vai muito além do que o título oferece.

Segundo uma das coordenadoras, professora Juliana Carla Barbieri Steffler, além da língua, o curso “oferece condições efetivas de inserção na sociedade brasileira e, especialmente, na sociedade apucaranense, por meio do domínio básico da língua portuguesa, com a finalidade de oportunizar melhores condições de trabalho e de vida”.

Uma das formas de repassar os conhecimentos está em proporcionar situações concretas de interação, “a partir de eixos temáticos como linguagem voltada ao ambiente profissional, linguagem voltada ao âmbito da saúde e da segurança e linguagem voltada à vida familiar e social”, explica Juliana. A professora reforça ainda que dessa forma é possível oportunizar o contato dos/as estudantes, a partir do 2º ano da graduação, a situações reais de ensino-aprendizagem, de modo a viabilizar a união entre teoria e prática e enriquecer a formação deles.

O projeto teve início em 2019 e na coordenação está também a professora Thayse Letícia Ferreira. Ela e Juliana são do Colegiado de Letras Português. Os professores, que ministram as aulas, são alunos do 2º e do 3º ano de Letras Português da Unespar do campus de Apucarana.

Hoje, o projeto, que é extensionista vinculado à disciplina de morfossintaxe, atende de modo presencial e gratuito, 25 pessoas, que residem em Apucarana e região, do gênero masculino e feminino e de nacionalidades venezuelana, cubana, chilena e haitiana.

Pela proximidade e convivência com o grupo, a coordenadora revela que, de modo geral, são pessoas bastante carentes, com uma história de vida dolorosa. “Não é à toa que estão aqui fazendo o curso, ninguém sai do seu país de origem porque está bem. São histórias difíceis, dolorosas e tristes, mas são pessoas muito fortes que estão buscando uma segunda oportunidade na vida, que lutam muito”. A coordenação entende que à medida que eles conhecem e dominam o idioma português, “o impacto na vida deles, no Brasil, será muito positivo e sabemos também o peso que isso tem na questão de conseguir a própria cidadania brasileira, que é o que muitos querem”, pontua.

Juliana lembra que por causa da pandemia, as aulas estavam sendo remotas e assim não atraia interessados. Com a volta do modo presencial, a coordenação percebeu um aumento no número de inscritos mas, também, surgiram alguns problemas. O maior deles era quanto a algumas mães que faltavam no curso para atender aos filhos. Para evitar a falta ou até a evasão dos estudantes por questões familiares, o projeto fez uma parceria com o Colegiado de Pedagogia que é responsável pela Brinquedoteca que atende e cuida das crianças durante as aulas aos sábados.

Outra demanda importante resolvida, em parte, foi a do lanche da tarde para os estudantes. A Universidade não tem recurso para alimentação e foi por meio de mais parcerias que o problema foi resolvido. “Levando-se em conta que muitos saem cedo de casa, alguns moram em outras cidades e seria difícil segurá-los o dia todo sem servir um lanche, tínhamos que atender a essa demanda. Conseguimos, a princípio, o apoio do próprio colegiado de letras, desde a coordenação, colegas, da minha parte, da parte da professora Thaíse e até mesmo de alunos da graduação, da direção, direção de centro e da professora Silvana Malavace, do Espanhol”.  Conforme a professora, para o ano que vem o projeto foi contemplado para receber verba da Prefeitura Municipal de Apucarana e com isso continuar ajudando aos/às estrangeiros/as que residem na cidade.

O projeto, no início, parecia algo simples mas acabou se desmembrando também em outras questões. “No final, o meu objetivo e o da professora Thaíse, é contribuir pelo menos um pouquinho, de alguma forma, para que a vida dos estrangeiros se torne menos dolorosa e menos sofrida do que tem sido. Oferecer pelo menos uma esperança, um ponto de luz ali no futuro, para que eles tenham perspectivas aqui no Brasil e vejam um futuro pela frente”, finaliza a professora.