Na última quinta-feira (29), a Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), do campus de Paranaguá, comemorou 25 anos de história. A celebração aconteceu no Cine Teatro Municipal Rachel Pereira da Costa e contou com apresentações de danças e corais, preparadas pelos integrantes do projeto, para exibir ao público as atividades que desenvolvem durante as aulas.

Em pleno funcionamento desde 1999, a Unati tem como objetivo integrar a pessoa idosa ao ambiente universitário, proporcionando socialização e oportunidade de aprender e melhorar a qualidade de vida. A idealizadora do projeto e unatiana [gentílico da Unati], Jandira Xavier Gonzaga, afirma que, por circunstâncias da vida, algumas pessoas “não tiveram a oportunidade de realizar o sonho do curso superior. A Unati vem para inseri-lo no ambiente acadêmico. Mostrar que, apesar da idade, ainda temos condição de melhorar a vida das pessoas. Não ter medo dos desafios que a vida impõe, é uma prática constante do nosso projeto”.

Em conversa com alguns unatianos, colhemos relatos de como o programa interferiu em suas vidas e vários comentaram que a Unati os trouxe alegria e os tirou da depressão. Cláudio Roberto Lasseck Luzia participa há dois anos e meio e é um desses casos. “Na Unati eu fugi da depressão, adquiri conhecimentos e bons hábitos, convivo com pessoas maravilhosas, tenho uma linda vida social, faço belas viagens, enfim, a Unati pulsa em minhas veias”, reconhece.

Marise Gabriel da Silva Correia começou a frequentar a Unati há oito meses, após o falecimento do marido, em um momento em que também estava entrando em depressão. “O programa mudou a minha vida. Comecei a fazer aula de canto e dança. Sinto-me uma outra pessoa e estou muito mais feliz”, expressa. Marise relata ter conhecido outra pessoa dentro da Unati. “Estamos juntos faz uns três meses, mas me tornei uma pessoa mais feliz depois de tudo que aconteceu comigo. Tenho prazer de todo dia acordar e saber que eu tenho que ir pra aula. Lá a gente se diverte, brinca, conversa, se distrai”, completa.

Para Jandira a Unati é um projeto de vida, já que nunca deixou de participar das atividades. A idealizadora relata que o projeto enfrentou diversos desafios, como dificuldade com recursos e apoio voluntário. “No começo precisei acreditar no meu potencial e não desistir da proposta. Mas, o amor pelo projeto, foi a mola mestra para não desistir e enfrentar com coragem alguns que tentaram desmotivar a iniciativa”.

Ao longo dos anos e por conta de seus bons resultados, a Unati inspirou a criação de outros projetos semelhantes, nos demais campi da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). O coordenador da Unati, Sebastião Cavalcanti Neto, reforça que serviram “como fonte inspiradora por verem o envolvimento e importância do projeto para as pessoas idosas”.

Em 2022 o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Unespar aprovou a unificação dos projetos isolados e instituiu o Programa Unespar 60+. “Hoje já contamos com aproximadamente 500 participantes nos projetos voltados à pessoa idosa na Unespar, número que deverá ser ampliado ainda mais nos próximos anos”, reforça Sebastião, que assumiu a coordenação do Programa.

Para o coordenador, os 25 anos da Unati “mostram a longevidade do projeto para um público crescente no País. Cada vez mais a pessoa idosa está ocupando seu lugar na sociedade e, certamente, a Universidade é um destes espaços”.

Durante esses anos, a Unati já certificou 250 pessoas e atualmente conta com 175 participantes semanais, nas mais variadas atividades.